Consultorias bilionárias na mira: Como o governo Trump está mudando as regras do jogo

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Ana Carolina Gama
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Elon Musk em um encontro no Salão Oval com Donald Trump, usando um boné que diz 'Make America Great Again'.

Consultorias bilionárias na mira: Como o governo Trump está mudando as regras do jogo

O modelo tradicional das grandes consultorias está enfrentando um dos maiores desafios de sua história. Durante décadas, gigantes como Deloitte, Accenture e outras empresas do setor faturaram bilhões com contratos governamentais, vendendo expertise, estratégia e relatórios sofisticados. Mas, agora, esse modelo pode estar prestes a ruir.

A administração Trump, por meio da General Services Administration (GSA) e do recém-criado Department of Government Efficiency (DOGE), iniciou uma revisão massiva dos contratos firmados com consultorias. O objetivo é simples e direto: entender por que bilhões de dólares do orçamento federal estão sendo gastos com serviços de consultoria e quais entregas reais essas empresas oferecem. O resultado? Um mercado antes considerado intocável está em alerta máximo.

Um modelo que se sustentava sem questionamentos

Por anos, a lógica das consultorias foi simples: governos e empresas enfrentam problemas complexos, e consultores experientes oferecem soluções baseadas em análises profundas. Na teoria, o modelo faz sentido. O problema é que, na prática, muitas dessas soluções se resumem a apresentações impactantes, reuniões intermináveis e diagnósticos que pouco diferem do óbvio.

Mariana Mazzucato, economista e autora do livro The Big Con, expõe com clareza essa falha sistêmica. Segundo ela, a terceirização excessiva para consultorias está minando a capacidade dos governos de agir como motores econômicos e inovadores. Mazzucato alerta que essa dependência extrema enfraquece as instituições públicas, deixando-as incapazes de desenvolver conhecimento interno e soluções próprias.

O questionamento, portanto, é inevitável: as consultorias realmente geram valor ou apenas criam uma dependência que perpetua seus próprios contratos?

A revisão bilionária de contratos nos Estados Unidos

O governo Trump parece ter abraçado essa crítica e decidido agir. O DOGE começou a examinar detalhadamente os contratos governamentais com as maiores consultorias do mundo. A Deloitte, por exemplo, já teve mais de US$ 219 milhões em contratos encerrados, com alegações de que as entregas não justificavam os gastos.

Entre os principais objetivos da revisão estão:

✔ Eliminar contratos que não geram impacto real.  

✔ Reduzir a dependência do governo de consultorias externas.  

✔ Direcionar investimentos para soluções mais eficientes, como tecnologia e automação.

O impacto imediato para as gigantes do setor

Os primeiros sinais dessa mudança já começaram a aparecer. Deloitte, Accenture e outras grandes consultorias estão vendo seus contratos federais serem cortados ou renegociados. Isso representa uma ameaça significativa para empresas que dependem do setor público como uma de suas principais fontes de receita.

Algumas movimentações já são perceptíveis:

  • Deloitte e Accenture estão revendo políticas internas para ajustar custos e tentar minimizar os impactos dos cortes.
  • O tempo de "bench" está sendo reduzido – ou seja, se um consultor não estiver alocado em um projeto, pode ser desligado rapidamente.
  • Novos contratos governamentais estão exigindo mais transparência sobre entregas e métricas de sucesso, eliminando espaço para relatórios abstratos sem impacto real.

Para muitas dessas consultorias, perder contratos públicos não afeta apenas o faturamento. A credibilidade e o posicionamento de mercado também sofrem abalos, pois o governo sempre foi um cliente estratégico para consolidar reputação e atrair novos negócios.

Efeito dominó: o que muda para o mercado de consultoria?

O governo dos Estados Unidos pode estar apenas iniciando um movimento que, em breve, se expandirá para outras grandes empresas e mercados regulados. Se um cliente tão significativo como o setor público percebe que pode operar sem consultorias caríssimas, por que as grandes corporações não adotariam a mesma estratégia?

Já se fala em uma migração para modelos baseados em automação, inteligência artificial e análise preditiva, eliminando intermediários e tornando a tomada de decisão mais eficiente.

Empresas que tradicionalmente dependem de consultorias para diagnóstico de riscos, planejamento estratégico e conformidade regulatória estão buscando alternativas mais ágeis e acessíveis. O próprio mercado de GRC (Governança, Riscos e Compliance) está sendo impactado, com soluções tecnológicas que oferecem insights estratégicos instantâneos, sem a necessidade de um exército de consultores analisando dados manualmente.

Oportunidade ou ameaça? Quem pode ocupar esse espaço?

Para algumas empresas, essa mudança representa um problema gigantesco. Mas, para outras, é uma oportunidade única de ocupar um espaço que antes era dominado por poucos players tradicionais.

Quem pode se beneficiar dessa reviravolta no mercado?

  • Empresas especializadas em automação de processos e inteligência artificial podem substituir consultorias tradicionais na análise de dados e recomendações estratégicas.
  • Startups de tecnologia aplicadas ao GRC oferecem soluções que entregam eficiência sem os custos exorbitantes dos grandes players.

O que diferencia essas novas soluções do modelo tradicional?

✔ Maior transparência: Métricas claras e objetivas sobre os benefícios reais das soluções oferecidas.  

✔ Menos burocracia: Sem a necessidade de longos processos de consultoria para gerar resultados concretos.  

✔ Decisões baseadas em dados: Uso de inteligência artificial para oferecer recomendações rápidas e precisas.


O futuro das consultorias: Reinvenção ou extinção?

O recado foi dado: ou as consultorias tradicionais entregam mais do que relatórios e apresentações, ou seus contratos continuarão encolhendo.

O movimento iniciado pelo governo Trump pode ser o início de uma transformação ainda maior no setor de serviços profissionais.  

O modelo tradicional, onde consultorias são contratadas para mapear riscos e sugerir ações, está sendo substituído por empresas que entregam esses insights de maneira mais ágil, tecnológica e econômica.  

Se essa tendência se consolidar, o futuro das grandes consultorias estará em jogo. E a pergunta que fica é: elas conseguirão se reinventar antes que seja tarde demais?

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